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Foto: ONU/Gilles Clarke |
Não há autoridade em viagem oficial a Delhi que não seja convidada a visitar o local, em especial aqueles que mantêm algum vínculo com as causas sociais.
Raj Ghat: um lugar de homenagens
Em 2018, por exemplo, no dia do nascimento de Mahatma Gandhi, o Raj Ghat foi cenário de uma homenagem prestada pela ONU. Ao lançar pétalas sobre o túmulo do ativista, o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres referiu-se a ele como "a maior alma que já viveu" na terra e repetiu uma famosa frase do ativista: "a não violência é a maior força à disposição da humanidade".


A trajetória de Gandhi
O despertar do líder pacifista ocorreu na Inglaterra, aonde viveu como aluno de Direito da University College of London. Nesse período, Mohandas Karamchand Gandhi - esse era seu nome de batismo - teve contato com as ideias de Henry Stephens Salt, um escritor e ativista social conhecido por sua pregação em defesa do vegetarianismo e dos direitos dos animais. Foi também nessa época que ele leu pela primeira vez o texto que o inspiraria pelo resto da vida: o Bhagavad-Gita - escritura sagrada da Índia que apresenta um diálogo do deus Krihsna com o guerreiro Arjuna.

Seus primeiros passos como pacifista deram-se em Londres, ao criar e liderar um clube vegetariano, mas a consolidação desse caminho ocorreu na África do Sul, para onde se mudou por razões profissionais. Foi ali que, oprimido pela discriminação com que ingleses e holandeses tratavam negros e hindus, criou um movimento em defesa dos direitos dos indianos.
O ativismo de Gandhi na África do Sul estendeu-se por cerca de 20 anos e foi nesse período que ele concebeu a sua filosofia da não violência, batizada como Satyagraha - termo hindi que pode ser traduzido como força da verdade. Apenas com palavras, ações de desobediência civil e greves de fome, Ghandi conseguiu mobilizar multidões tanto na África do Sul como na Índia, para onde voltou aos 45 anos de idade.
Em sua terra natal, Gandhi empreendeu grandes lutas que acabaram resultando na independência do país. Uma delas foi contra a lei que proibia os indianos de produzirem seu próprio sal, obrigando-os a a comprar o produto dos ingleses com alta tributação. O momento mais marcante dessa trajetória foi uma caminhada de 400 km em direção ao Oceano Índico que ficou conhecida como a Marcha do Sal. Ao longo de 25 dias, Gandhi foi conquistando seguidores e, diante de aproximadamente 60 mil pessoas, começou a produzir sal em panelas a partir da água do mar. A ação provocou milhares de prisões, inclusive de Gandhi, seguidas de um acordo com o governo britânico, que passou a permitir a produção de sal na região costeira.
Mas o movimento que ganhou maior repercussão na trajetória de Gandhi foi sua luta contra a indústria têxtil, representada simbolicamente pelo tear manual. Assim como no caso do sal, os indianos eram obrigados a pagar caro por roupas produzidas pelas fábricas inglesas. O caminho encontrado pelo líder pacifista foi passar a tecer seus próprios tecidos e a costurar suas próprias roupas, incentivando todo mundo a fazer o mesmo.
Durante a luta pela independência, Gandhi conseguiu unir os seguidores das duas maiores religiões do país: os hindus e os muçulmanos. Sua esperança era de que a paz entre eles perdurasse para sempre, mas, ao se livrar dos ingleses, o país dividiu-se entre a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana. Por causa dessa divisão, ele não comemorou a independência.
Gadhi nunca recebeu o Nobel da Paz, embora tenha sido indicado várias vezes, mas, em 1989, quando o prêmio foi concedido a Dalai Lama, o presidente do comitê afirmou que a escolha era, em parte, um tributo à sua memória.
Raj Ghat - Nova Delhi - Índia
Texto: Sylvia Leite
Jornalista - MTB: 335 DRT-SE / Linkedin / Lattes
(1,4 e 5) Sylvia Leite
(2) Gilles Clarke, site das Nações Unidas
(3) Marisa Portela
(6) Autor desconhecido - Domínio público (1946)
(1,4 e 5) Sylvia Leite
(2) Gilles Clarke, site das Nações Unidas
(3) Marisa Portela
(6) Autor desconhecido - Domínio público (1946)
Livros:
'Minha Vida e Minhas Experiencias com a Verdade' - autobiografia
'A Marcha do Sal', livro de fotografia de Érico Hiller
Filme:
Gandhi, dirigido por Richard Attenborough, com roteiro de John Briley .
Peça de teatro:
Gandhi, um líder servidor, de Miguel Filliage e Bene Catanante, com o ator João Signorelli.
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Belíssima matéria Sylvia, parabén!
ResponderExcluirObrigada! Pena que você não se identificou.
ExcluirGandhi merece ser reverenciado, sempre! Ótimo texto, Sylvinha, parabéns!
ResponderExcluirMerece, sim. Pena que você deixou de se identificar.
ExcluirSylvinha o texto "Gandhi merece ser reverenciado, sempre! Ótimo texto, Sylvinha, parabéns!" é meu.... achei que estava devidamente identificada.... por sorte, esqueci que tinha comentado e voltei aqui. rsrsrsrs
ResponderExcluirsonia pedrosa
KKK Que bom! Fico agoniada quando alguém não se identifica. Liberei os comentários de anônimos para facilitar os que não conseguem fazer de outro modo, mas é legal quando a pessoa assina o texto no final rsrsr
ExcluirUma das grandes histórias da humanidade . Parabéns.
ResponderExcluirVerdade. Uma grande história que não deveria ser esquecida.
ExcluirA Africa do Sul foi o berço do ativismo político-social dos maiores líderes do século vinte. Neste país tão belo mas com uma história de tanta violência surgiram dois grandes líderes pacifistas : Gandhi e Nelson Mandela. Parabéns Sylvia pelo texto. Augusta Leite Campos.
ResponderExcluirPois é, Gusta. Que sigamos os seus exemplos.
ExcluirO relato da edificante vida do Mahatma Gandhi nestes tempos sombrios e truculentos em que estamos vivendo é um verdadeiro bálsamo.
ResponderExcluirParabéns pelo texto tão vívido e oportuno, Sylvinha!
Abraços
Val Cantanhede
Valeu, Val. bj
ExcluirAdorei. Como sempre.Bjs
ResponderExcluirE como sempre esqueceu de escrever seu nome rsrsrs obrigada assim mesmo, mas da próxima vez lembre de se identificar, ok?
ExcluirQue texto e história linda. Fiquei muito emocionada com tudo que li. Obrigada por me proporcionar esse encontro com Marahtma Gandhi.
ResponderExcluirÉ bonita mesmo, Normeide. Eu que agradeço a você, pela leitura e pelo comentário.
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