
Por tudo isso, foi incluído nas rotas turísticas da Grande Natal, tornando-se um dos pontos mais visitados no Estado e mesmo do Nordeste. Quem vai até lá, sai impressionado com a experiência. A visita é feita por cima de passarelas e, para avistar a copa da árvore, é preciso subir em um mirante com 10 (alguns dizem 9) metros de altura. Quem vai no verão, que é a época da safra, ainda pode tomar um suco fresquinho de caju, que quase sempre está doce.
Benefícios e problemas
Ao tornar-se atração turística, o cajueiro passou a contribuir com a economia local, beneficiando diretamente dezenas de artesãos e ambulantes que comercializam produtos típicos no seu entorno. Mas, além dos benefícios, a árvore gigante traz também preocupações porque seu galhos não param de crescer e, de tempos em tempos, a comunidade se depara com um desafio que gera muita polêmica: como lidar com o crescimento da árvore? podar seus galhos ou deixa-la tomar cada vez mais espaço, invadindo as áreas vizinhas?
Por volta de 2.006, os galhos do cajueiro gigante começaram a invadir a pista de uma rodovia conhecida como Rota do Sol, que dá acesso ao litoral Sul do estado. Os partidários da poda argumentavam que além de provocar grandes congestionamentos na rodovia, os galhos do cajueiro poderiam atingir as casas de uma área próxima, ameaçando suas estruturas. Os defensores da manutenção dos galhos temiam que, com a poda, o cajueiro, mudasse de comportamento e até morresse. A solução foi construir um caramanchão sobre a rodovia de modo que os galhos, suspensos, não atrapalhasem mais o trânsito.
Ritmo de crescimento
Em 1955, cerca de meio século depois da suposta data do plantio, o Cajueiro de Pirangi foi tema de uma reportagem de Ítalo Viola, na revista 'O Cruzeiro'. Na época, sua área ainda era de 2 mil m², mas, de acordo com o texto, tinha uma produção de 45 mil frutas por safra e já causava espanto, tanto que a própria revista o apelidou de ‘O Polvo’ .
Ainda segundo a reportagem, o cajueiro gigante já havia sido visitado por diversas personalidades, entre as quais estariam Juscelino Kubitscheck, o ex-governador de Minas que, no ano seguinte, se tornaria presidente da República; os ex-governadores de São Paulo Lucas Garcez e, do Rio de Janeiro, Amaral Peixoto; um ex-embaixador da Espanha; o escritor e Sociólogo Gilberto Freyre e o jornalista Assis Chateaubriant.
Contrastes
Entre as curiosidades do cajueiro está o 'Salário Mínimo', nome dado ao único galho que não se multiplicou como os outros porque sofreu apenas uma das duas anomalias. Ou seja: embora tenha crescido para o lado e tocado o chão, dali não surgiram raízes e muito menos um novo tronco.
Outro contraste com o gigantismo do cajueiro é o lagarto-de-folhiço ou Coleodactylus Natalensis Freire encontrado em seus galhos. Trata-se de um animal remanescente da Mata
A perda do título
Por toda a sua história, o Cajueiro de Pirangi já tem lugar garantido no turismo e na memória de quem o visita, mas o título de maior do mundo já não faz mais sentido desde quando foi revelada a existência, no Piauí, de um cajueiro maior, talvez até mais antigo (segundo os piauienses com mais de 200 anos, mas sobre isso não há comprovação) e com as mesmas anomalias.
O concorrente é chamado de Cajueiro Rei (ou Cajueiro-rei) e tem 8.810 m² - 310 m² a mais que o de Pirangi. As medições geográficas na árvore e o sequenciamento genético para confirmar a unidade de todos os troncos e galhos foram concluídos em 2016 por pesquisadores das universidades estadual e federal do Piauí (Uespi e UFPI) e o estudo foi publicado um ano depois no periódico internacional Genetics and Molecular Research (GMR).
O cajueiro piauiense fica no município de Cajueiro da Praia e também é aberto à visitação turística. Desde 2013, tem o título de Patrimônio Natural e Turístico do município. A luta agora é pelo tombamento nacional e para substituir o Cajueiro de Pirangi no Guiness Book.
Quantos mais irão surgir?
Por mais espantoso que isso possa parecer, há indícios de que os cajueiros gigantes não sejam tão raros quanto se supunha quando apenas o de Pirangi era conhecido. Além do Cajueiro Rei, no Piauí, existe outro, no próprio Rio Grande do Norte que, embora sem comprovação científica, é tido como o segundo maior do mundo e parece ter sofrido mesma anomalia que os dois primeiros. Trata-se de um cajueiro de 3 mil 88 m² que está localizado na comunidade rural de Areias Alvas, no município de Grossos.
A valorização turística do cajueiro de Pirangi foi provavelmente o que motivou a divulgação do Cajueiro Rei e do cajueiro de Areias Alvas. Talvez pela mesma razão, ou pela ação de pesquisadores, outros cajueiros gigantes ainda possam ser descobertos no Nordeste, e até incluídos nessa disputa pelo título de maior do mundo.
Cajueiro de Pirangi - Pirangi - Parnamirim - Rio Grande do Norte - Brasil - América do
Texto: Sylvia Leite Jornalista - MTB: 335 DRT-SE / Linkedin / Lattes
Fotos:
(1) Mateus S Figueiredo - Flickr - Wikimedia - CC BY 2.0
(2) Ben Tavener de Curitiba - Wikimedia - CC BY 2.0
(3) enioprado - Wikimedia - CC BY-SA 3.0
(4 e 6) Jorge Savignon Jorrin - Wikimedia - CC BY-SA 4.0 / Wikimedia - CC BY-SA 4.0
(5) Andrepimentasc - Wikimedia - CC BY-SA 3.0,
(7) Mica Carboni - Wikimedia - CC BY-SA 4.0
(8) Mateussf - Wikimedia - CC BY-SA 3.0
(9) Papjerimun UESPI
Referências:
Portal de Turismo da Prefeitura de Natal
Revista 'O Cruzeiro' ( Matéria reproduzida pela revista Palavras Todas Palavras)
Site UESPI
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Que incrível! Muito interessante!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário. Da próxima vez não esqueça de dizer seu nome.
ExcluirMuito interessante, tinha conhecimento apenas do cajueiro de Pirangi
ResponderExcluirO de Pirangi é o mais divulgado, mas acredito que existam outros além dos três citados na matéria.
ExcluirNossos cajueiros gigantes do Nordeste são nossas maravilhas da Natureza. Nossas sequoias. Junto com nossa caatinga deveriam ser nossos símbolos e nossa grande atração turística.
ResponderExcluirParabéns pela linda reportagem.
Augusta Leite Campos
Obrigada, Gusta. Os cajueiros gigantes são maravilhosos mesmo. E você disse uma coisa interessante: são nossas sequoias mesmo.
ExcluirAgora deu saudade das viagens com os Filhos ainda bastante novos.
ResponderExcluirAdoro quando minhas matérias despertam boas lembranças rsrs.Valeu, Sidney!
ExcluirQue interessante sua matéria, Sylvinha! Não tinha conhecimento do cajueiro piauiense. Apenas visitei o do cajueiro de Pirangi, quase um bosque.
ResponderExcluirAbraços,
Val Cantanhede
É, Val, o de Pirangi é o mais conhecido mesmo, mas, como disse na matéria, acredito até que existam outos escondidos pelo Nordeste adentro.
ExcluirQue interessante sua matéria, Sylvinha! Não tinha conhecimento do cajueiro piauiense. Apenas visitei o do cajueiro de Pirangi, quase um bosque.
ResponderExcluirAbraços,
Val Cantanhede
Belo registro, Sylvinha. O cajueiro é uma super atração, mesmo!!!
ResponderExcluirBeijão.
Valeu, Soninha. Beijo
ExcluirMuitas curiosidades e informações interessantes sobre os cajueiros gigantes do Nordeste. O de Pirangi fui na época da escola, mas esse do Piauí é novidade pra mim. Acabamos de visitar um na Bahia, mas nem tão grande assim, porém as crianças adoram conhecer.
ResponderExcluirSão muito interessantes mesmo esses cajueiros. E para as crianças é um passeio e tanto. Obrigada pelo comentário.
ExcluirOs cajueiros gigantes do Nordeste, são realmente uma maravilha da natureza! Adorei a sua matéria, Cheia de curiosidades e informações legais.
ResponderExcluirQue bom que gostou! Toda quinta tem matéria nova no blog. Não eprca!
ExcluirQuando visitamos o Cajueiro de Pirangi ficamos apaixonados, mas saber mais sobre ele aqui no post foi maravilhoso. Acho que mesmo que o outro cajueiro entre no lugar do Pirangi, o primeiro sempre será conhecido como o maior do Mundo.
ResponderExcluirConcordo com você. Mesmo que o títuo de maior do mundo passe a ser de outro, o de Pirangi já tem o seu lugar na história.
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