Essa é apenas uma das lendas que tentam explicar como construções que parecem ter saído de Amsterdam podem exibir variações cromáticas tão intensas. Mas a resposta a essa pergunta pode estar na própria mistura, não apenas de traços europeus com cores caribenhas, mas também das mais de 50 etnias e culturas que contribuíram para a formação do seu povo, entre os quais predominam holandeses, africanos, ingleses, judeus – em sua maioria sefaraditas – e espanhóis.
Foram os holandeses, por meio de sua Companhia das Índias Ocidentais, que fundaram Willemstad. Curaçao já pertenceu às Antilhas Holandesas e hoje integra o Reino dos Países Baixos, do qual fazem parte a Holanda, Aruba e São Martinho. Foi também da Holanda que veio o neerlandês - uma das duas línguas mais faladas na ilha e a única usada para todos os assuntos administrativos e legais.
Mas apesar desse arcabouço neerlandês, que inclui a arquitetura, o idioma oficial e uma parcela da população, os descendentes de africanos têm uma participação ainda maior na composição do mosaico de Curaçao, pelo menos no que diz respeito à população, de maioria afro-caribenha. Seus antepassados chegaram à ilha como escravos, levando consigo a cultura e, provavelmente, um precursor do Papiamento, a língua mais falada na ilha - uma mistura de Português, Espanhol e Holandês que, por sua semelhança com o crioulo cabo-verdiano e o crioulo da Guiné-Bissau, acredita-se que pode ter se originado na costa da África Ocidental.
A lenda de Ananse
Além de haver contribuído, ou mesmo originado, a língua nativa, os africanos participaram de diversas maneiras na formação da cultura de Curaçao. Uma das mais relevantes, talvez tenha sido a de levar para a ilha as histórias de um personagem lendário - denominado Ananse (ou Anansi) - provavelmente originário em Gana.
Diz a lenda que, tempos atrás, houve uma época em que não havia, na terra, nenhuma história para se contar porque todas estavam sob o domínio de Nyame - o rei do Céu. Inconformado com isso, Ananse, que era um homem-aranha, teceu uma teia de prata e por ela subiu ao céu a fim de propor a Nyame que lhe vendesse as histórias. O rei, então, exigiu um preço que julgou impossível de ser pago. Ele queria que Ananse levasse à sua presença Osebo, o leopardo de dentes terríveis; Mmboro os marimbondos que picam como fogo e Moatia a fada que nenhum homem viu. Além de aceitar o desafio, Ananse prometeu também levar ao deus sua própria mãe, que era a sexta filha de sua avó.Mas Ananse conseguiu aprisionar os invencíveis Osebo, Mmboro e Moatia e, junto com a mãe, os
entregou ao deus do Céu. Maravilhado com aquilo, Nyame entregou-lhe as histórias, avisando a todos que Ananse seria para sempre o seu proprietário e que, em sua homenagem, elas passariam a se chamar “Histórias do homem-aranha”.
Satisfeito com a conquista, Ananse voltou para a terra pela mesma teia de prata em que subiu, carregando as histórias em um baú e pensando em entregá-las aos moradores de sua aldeia. mas assim que o baú foi aberto, elas se espalharam pelos quatro cantos do mundo.
Há quem diga que as histórias de Ananse estão na base da Literatura em Papiamento. Em favor dessa tese talvez esteja o fato de grande parte das obras literárias produzidas nesse idioma incluírem técnicas e metáforas caracterizadas como ‘realismo mágico’.
A maior sinagoga das Américas
Além de holandeses e africanos, Cruaçao recebeu também uma grande quantidade de judeus – uns vindos da Península Ibérica e outros que haviam se instalado primeiramente em Recife, no Nordeste do Brasil. A marca mais evidente dessa imigração é a Sinagoga Mikvé Israel-Emanuel fundada por judeus sefaraditas no final do século 18 e considerada a mais antiga em contínuo funcionamento das Améicas. O prédio, apesar de ter sido erguido dentro do padrão da arquitetura local, tem uma característica curiosa e própria dos construtores: seu piso é coberto de areia.
O costume foi trazido da Espanha e de Portugal, onde os judeus foram obrigados a converter-se ao catolicismo, mas mantiveram em segredo a sua religião de origem. A areia era colocada no chão para abafar os ruídos e proteger os fiéis dos castigos da Inquisição. Mesmo livres de qualquer perseguição, os sefaraditas que se mudaram para Curaçao decidiram manter o costume. Para isso, precisam ir buscar a areia em leitos de rios da Guiana ou do Suriname porque a de Curaçao é salgada.
Cartões postais de Curaçao
A mistura de raças e culturas não é o único encanto de Willemstad. Como em qualquer ilha do Caribe, a capital de Curaçao também tem praias cristalinas e temperaturas agradáveis o ano inteiro. Além disso, reúne outros atrativos que costumam impressionar os visitantes. Caso do Mercado Flutuante, formado por vendedores de frutas, legumes e verduras, que viajam em barcos, a partir da Venezuela, para abastecer os moradores da ilha.
Entre os principais cartões postais da cidade estão, ainda, as pontes Queen Ema e Queen Juliana, que atravessam a Baía de Santa Ana, fazendo a ligação entre as duas partes da cidade: Punda e Otrobanda. A mais monumental é a Queen Juliana – que reúne quatro pistas rodoviárias e impressiona por sua altura: 56 metros acima do nível da água. Mas a surpresa maior vem da ponte móvel e flutuante, hoje utilizada apenas por pedestres. A Queen Ema foi construída em 1888 e reformada em 1939. É composta por 16 flutuadoes e se abre dezenas de vezes por dia a fim de permitir a entrada de navios para o porto. Por tudo isso, ficou conhecida em Curaçao como a “nossa velha senhora que balança”.
Willemstad - Curaçao - Caribe -América do Sul
Texto: Sylvia Leite
Fotos:
(1) patrick_worldwide por Pixabay
(2) Michelle Maria por Pixabay
(3) Capa de livro
(4) colleenrouse por Pixabay
(5) Catharina77 por Pixabay
(6) falco por Pixabay
(7) Abhishek Bajpai por Pixabay
(8) Tioman2014 por Pixabay
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A que post mais lindo sobre a colorida e miscigenada capital de Curaçao, é um destino que está nos meus planos para próxima visita. Achei bem legal a maior sinagoga das Américas, eu já visitei a segunda maior do mundo, fiquei curiosa com essa agora
ResponderExcluirLegal, Nathalia. Vale a pena ir a Curaçao. Eu gostaria de voltar.
ExcluirSonho em conhecer essa capital maravilhosa de Curaçao!!!! Materia espetacular com gostinho de quero mais!!!!!
ResponderExcluirÉ que o lugar tem gostinho de quero mais. Obrigada pelo comentário. Toda quinta tem matéria nova no blog. Acompanhe!
ExcluirQue lugar lindo é Willemstad! Ainda não conheço nada do Caribe e lendo o seu post me deu muito mais vontade de conhecer. Adorei saber um pouco mais da história também! :)
ResponderExcluirAh, o Caribe é maravilhoso e Curação é uma das cidades mais interessantes.
ExcluirComo Willemstad é linda! Uma bela, colorida e miscigenada capital de Curaçao que espero logo conhecer!
ResponderExcluirVá, sim. É muito legal!
ExcluirEssa cidade super colorida me lembrou muito a cidade que eu conheci na Republica Dominicana e nas Bahamas.Adorei a Matéria Sylvia!
ResponderExcluirQue bom que gostou! Pena que você não deixou seu nome.
ExcluirCuraçao está na minha lista de desejos! Adorei ler sobre sua capital. Willemstad me encantou. Adoro uma cidade colorida como essa! Obrigada pelas dicas!
ResponderExcluirWillemstad é encantadora mesmo. Obrigada pelos comentários. Volte sempre!
ExcluirQue post interessante sobre a Willemstar, a colorida e miscigenada capital do Curação. Não tinha ideia da história desse lugar. Adoro quando o post me surpreende. Parabéns.
ResponderExcluirObrigada. Volte sempre. Toda quinta tem matéria nova no blog.
ExcluirA colorida Willemstad, capital da paradisiaca Curaçao, é uma das pérolas do Caribe. Sou apaixonada pela região e voltei encantada de lá. Excelente post mostrando curiosidades deste paraíso!
ResponderExcluirObrigada, Tamara. Vonte sempre. Toda quita tem postagem nova. Acompanhe!
ExcluirQue linda a cidade de Willemstad, é curioso como sempre associei Curaçao somente as praias, legal saber que a capital é tão charmosa quanto.
ResponderExcluirSim, a praia é maravilhosa, o mar cristalino, mas tem muito mais.
ExcluirAs cidades mais interessantes do mundo são assim, misturadas, com gente de todos os lugares, de todas as cores e credos. Essa é a beleza da vida.
ResponderExcluirBeijão, Sylvinha!
É verdade, Soninha! Beijo
ExcluirEu adoro seus posts porque são sempre ricos em informação e história!
ResponderExcluirQue legal saber disso, Dani. Toda quinta tem matéria nova no blog, acompanhe!
ExcluirBendita enxaqueca que deu cores e vida a Willemstad, rs, uma marca registrada. Curiosa a história da sinagoga, não sabia que além de Nova York, os judeus de Recife também tinham migrado para Curaçao.
ResponderExcluirBendita enxaqueca hahaha As cores são lindas!
ExcluirMatéria espetacular como sempre. Com muitas informações e história. A colorida Willemstad, capital de Curaçao é tão linda né? Ainda não conheci, mas quero muito.
ResponderExcluirVai gostar, Hebe. É uma delicia. E, de quebra, Curaçao é uma zona franca. Dá ara fazer ótimas compras.
ExcluirWillemstad é um charme á parte na Ilha, a colorida capital de Curaçao consegue reunir tanta coisa bacana e muita história! Adorei conhecer um pouco mais!!!
ResponderExcluirVai adorar mais ainda se for até lá rsrsr
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