A ponte já nasceu famosa. A inauguração do seu pavimento rodoviário, em 1966, foi cercada de propaganda - com manchetes de jornal e até um filme* – afinal, era a realização de um projeto esperado pelos portugueses desde 1876. Portugal estava sob uma ditadura, conhecida como Estado Novo, que atrelou a imagem da obra ao governo central, batizando-a como Ponte Salazar – sobrenome do seu primeiro ministro. Cerca de oito anos depois, quando a Revolução dos Cravos derrubou o regime ditatorial, essa imagem foi invertida e a ponte sobre o Tejo passou a ser relacionada à liberdade e à conquista da democracia. Desde então, seu nome remete à data da vitória.
A linha ferroviária, embora fizesse parte do projeto original, só foi inaugurada em 1.999, com a montagem do segundo nível da ponte alguns metros abaixo do pavimento destinado aos veículos rodoviários já em funcionamento desde 1966. E a evolução da ponte não parou aí. Para que portugueses e visitantes possam conhecer essa história e apreciar a ponte de cima, foi inaugurado em 2017, no sétimo pilar da ponte, uma espécie de museu que inclui também um mirador.
A Experiência Pilar 7, como é chamado esse conjunto de equipamentos culturais, oferece ao visitante a possibilidade de conhecer a história da construção da ponte e suas intervenções, e de acompanhar, por meio de um simulador de realidade virtual, o trabalho de uma equipe de manutenção. Mas o que mais impressiona o visitante é o mirador de vidro, com 80 metros de altura, que coloca o observador mais ou menos na atura do pavimento rodoviário.
A polêmica da semelhança
Por causa da cor vermelha, por ser uma ponte pênsil ou por ter um desenho semelhante, a Ponte 25 de Abril às vezes é descrita como cópia da famosa Golden Gate que liga São Francisco a Sausalito.De fato, há uma grande semelhança na forma e na cor, mas pelo menos outras duas pontes têm formas semelhantes à da 25 de Abril, ambas anteriores à Golden Gate. Uma delas, a Bay Bridge, também localizada em São Francisco, faz a ligação da cidade com a vizinha Oakland e foi inaugurada em novembro de 1936, cerca de seis meses antes da Golden Gate. Embora não seja velrmelha como as outras duas, aproxima-se mais da 25 de Abril pelo design dos pilares. A outra ponte, Hercílio Luz, está localizada aqui no Brasil, em Florianópolis, e foi inaugurada em 1926 - cerca de uma década antes das outras duas.
Um ponto de referência
Na época em que foi inaugurada – ainda sob outro nome - a 25 de Abril era a 5º maior ponte pênsil do mundo e a maior fora dos Estados Unidos. Hoje já está mais atrás nessa classificação, mas continua exercendo fascínio em moradores e visitantes, e sendo escolhida por atletas para suas demonstrações. Caso do português Mário Pardo, que saltou de paraquedas da ponte duas vezes – uma em 2005 e outra em 2009. Na primeira, Mário se jogou de um caminhão em movimento. Foi a forma que ele encontrou de realizar um antigo desejo sem infringir nenhuma lei. Na segunda vez, entrou andando para se jogar de um pilar, com autorização da empresa que administra a ponte, mas esqueceu de pedir licença à polícia marítima e acabou preso.
Quem também elegeu a 25 de Abril para a realização de um desafio foi a atleta e médica Karina Oliani, conhecida por ter sido a brasileira mais jovem a escalar o Everest e a primeira a escalar o K2. Só que, por não ser paraquedista e sim alpinista, Karina fez um caminho inverso ao de Mário: em vez de pular, subiu até um dos dois pontos mais altos da ponte que ficam a 190 metros de altura do nível da água. E como não podia fazer isso em linha reta, percorreu 552 metros caminhando sobre tubos de 60 cm de diâmetro.
Mas Mário e Karina não foram os únicos a entrar na ponte sem estar dentro de um automóvel ou de um trem. Todos os anos, geralmente no mês de março, parte do percurso da Meia Maratona de Lisboa é feita sobre a ponte. Por causa desse evento, milhares de pessoas já tiveram e ainda terão a oportunidade de percorrer seus 2,3 km a pé.
Ponte 25 de abril - Alcântara - Lisboa - Portugal - Europa
Texto: Sylvia LeiteJornalista - MTB: 335 DRT-SE / Linkedin / Lattes
Fotos:
(1) ceiling - Flickr: CC BY 2.0
(2) Capa do Diário de Notícias
(3) 1- 25 de Abril: Gerhard Bögner por Pixabay / 2- Golden Gate: Rich Niewiroski Jr. - CC BY 2.5 / 3- Bay Bridge: ChristianSchd - CC BY-SA 3.0/ 4- Hercílio Luz: Freitas Fotos CC BY-SA 4.0
(4) Divulgação Maratona
Participação especial: Carlos Roberto Leite de Rezende
Referências:
Site da Lusoponte
Site Maratonas no Mundo
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Museu do Amanhã
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BelémTira del Tiempo
A geometria de Athos Bulcão
Kilkenny
Arcos de la Frontera
Orongo
Santuário Inmaculada Concepción
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Realmente, essa ponte merece um registro. Linda demais!
ResponderExcluirValeu, Sylvinha!
Beijão!
Valeu, Soninha, beijo
ExcluirQue bacana, não conhecia a Ponte 25 de abril, um dos ícones de Lisboa. adorei o contexto histórico.
ResponderExcluirÉ legal mesmo. E é uma delícia passear pela margem do Tejo apreciando a ponte.
ExcluirLinda essa Ponte 25 de abril. Merece ser um dos ícones de Lisboa. Realmente lembra a de São Francisco. Foi interessante entender sua história.
ResponderExcluirQue bom que gostou, Ângela. Obrigada pelo comentário.
ExcluirA ponte é linda, mas gostei ainda mais da história! Lindissima!
ResponderExcluirA história é legal mesmo.
Excluirque legal saber mais sobre a ponte 25 de abril. Quando eu vi a foto rapidamente achei que era da Golden Bridge, realmente muita semelhança:)
ResponderExcluirRealmente parece, mas tem uma história totalmente diferente. Obrigada pelo comentário.
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