Foi uma obra audaciosa para a engenharia do século 19. Era a primeira vez no mundo que se construía um elevador urbano e os desafios não se limitavam a isso. A obra exigiu a perfuração de dois túneis na encosta de pedra conhecida como Ladeira da Montanha: um vertical, para a instalação da torre, e um horizontal para fazer sua comunicação com a rua. Além disso, tratava-se do maior elevador de que se tinha notícia, com 63 metros de altura.
Um século e meio de história
Chamado inicialmente de Elevador Hidráulico da Conceição da Praia, porque era movido pelo vapor de uma caldeira, logo ganhou o apelido de Parafuso em alusão a uma estrutura espiralada que impulsionava as cabines. Somente duas décadas depois é que foi rebatizado em homenagem ao seu idealizador, o empresário Antônio de Lacerda, criador e proprietário da Companhia de Transportes Urbanos, a primeira operadora de trens de Salvador. Para a construção do elevador, Antônio contou com a ajuda técnica do irmão Augusto Frederico, que era engenheiro, e com o financiamento do pai, Antônio Francisco, que tinham o mesmo sobrenome.
Nos primeiros tempos, havia apenas uma torre, encravada na pedra, e duas cabines. Os passageiros eram pesados individualmente para que a soma final não ultrapassasse o limite de segurança. Desde soa Nesse século e meio de existência, o elevador passou por cinco obras, entre as quais, destacam-se duas grandes reformas: uma em 1906, para eletrificação, e outra em 1930, para a construção de uma nova torre e mais duas cabines. Foi nessa segunda obra que o elevador ganhou a aparência atual, com uma longa passarela de entre as duas torres que se projeta em direção ao mar. Na mesma ocasião, sua altura foi elevada para 72 metros.
Ao longo do tempo, o Elevador Lacerda foi ganhando fama e tornando-se um dos símbolos mais representativos da Bahia. Em 2011 foi tombado pelo IPHAN - Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e pelo IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. O monumento também virou tema de doodle do Google em seu aniversário de 145 anos.
Um monumento para se conhecer por dentro

Mas os que se aventuram a ir até o local só têm a ganhar. Primeiro porque seu maior encanto talvez esteja no fato de ser um monumento vivo que, diariamente, serve aos moradores da cidade, propiciando subida e descida de maneira rápida e barata - e, como diria o baiano Caetano Veloso, isso é bonito de se ver. São apenas 30 segundos de viagem por um preço simbólico de poucos centavos. Segundo, porque é interessante identificar os pontos que o elevador integra: na Cidade Alta, a Praça Tomé de Souza, onde funcionam a Prefeitura, a Câmara dos Vereadores e o Palácio Rio Branco, antiga sede do Governo hoje transformada em espaço oficial de recepções. Na Cidade Baixa, a Praça Cairu, onde se localiza o icônico Mercado Modelo. Terceiro porque na parte alta, diante de suas portas de entrada e de saída, está a sorveteria Cubana, considerada a mais antiga de Salvador. É um lugar simples e também voltado para os soteropolitanos, mas capaz de encantar visitantes por sua história e tradição: foi aberta em 1930, por uma família de cubanos, depois de uma das reformas do elevador, e criou fama com itens como o Dusty Miller, feito com duas bolas de sorvete, duas caldas, leite em pó e biscoito; e também com o bolinho da Cubana, que é uma receita secreta e quase centenária, com calda de cacau em pó e castanhas picadas. Para completar, de suas mesas é possível admirar a Baía de Todos os Santos e toda a zona portuária.
Elevador Lacerda - Salvador - Bahia - Brasil - América do Sul
Texto: Sylvia Leite
Participação especial: Mário César Dantas Rodrigues
Fotos:
(1 e 4) Sylvia Leite
(3) Doodle do Google
(5) Ciroamado, CC BY-SA 4.0
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Muito bom saber mais sobre esse cartão postal de Salvador! Adorei, Sylvinha!
ResponderExcluirsonia pedrosa
Valeu, Soninha. Beijo
ExcluirFicou legal Sylvia, como sempre. Precisamos valorizar esses monumentos, pois o Elevador Lacerda é um deles. Beijos
ResponderExcluirFeliz por você ter retomado a leitura do blog. Obrigada. Seus comentários fazem falta. Beijão!
ExcluirSou de Salvador e adorei saber mais sobre o Elevador Lacerda. Fiquei muito impressionada com as informações e sobre a história desse meio de transporte tão popular aqui em Salvador. Parabéns.
ResponderExcluirObrigada, Normeide. Toda semana tem Matéria nova aqui no blog. Acompanhe!
ExcluirImagino os desafios que seu idealizador enfrentou para construção dessa obra audaciosa, ainda bem que ele não desistiu. Estive em Salvador a 19 anos atrás e não lembro de ter usado o elevador, mas tenho foto com essa obra ao fundo.
ResponderExcluirSE você tivesse usado, certamente lembraria. Não é algo que se faça todo dia. Pelo menos para quem não mora em Salvador rsrsrs
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