

Há ainda outras duas versões para o batismo da localidade como Tamandaré. Uma delas, igualmente mitológica, também fala em inundação, mas o desastre teria sido provocado pelo próprio pajé, ao cavar uma fonte que transbordou e alagou toda a região. Para sobreviver, ele teria subido em uma palmeira junto com sua mulher e permanecido no alto até as águas baixarem. A outra versão é levantada por léxicógrafos a atribui a origem da palavra Tamandaré ao vocábulo tupi 'tamandûaré' que significa 'tamanduá diferente' (tamanduá + é).
Mesmo não havendo consenso sobre o surgimento do nome, as três versões apontam para uma origem indígena e isso põe por terra uma versão divulgada em outras regiões do Brasil segundo a qual a localidade de Tamandaré teria recebido esse nome depois da visita de Joaquim Marques Lisboa - considerado o Patrono da Marinha Brasileira - cujo nome de guerra era Almirante Tamandaré.
Tamandaré e o Almirante

Trinta e cinco anos depois, em 1859, Joaquim foi a Pernambuco como comandante da esquadra da família real, que estava em visita às capitanias do Nordeste, na época identificadas como capitanias do Norte. Ao passar pelo litoral pernambucano, ele pediu ao imperador Dom Pedro II que lhe permitisse resgatar os restos mortais de seu irmão em Tamandaré para levá-los ao túmulo da família, no Rio de Janeiro.

Tamandaré e, ao conceder-lhe títulos de nobreza, usou sempre esse nome. Foi assim que Joaquim tornou-se Barão, Visconde, Conde e depois Marquês de Tamandaré. E quando conquistou o titulo de almirante, que é o posto maior da Marinha, seu nome de guerra passou a ser Almirante Tamandaré.
A disputa entre portugueses e holandeses
A Confederação do Equador não foi o único conflito pernambucano que chegou, de alguma maneira, a essas terras. Séculos antes, houve as disputas entre Portugueses e Holandeses pelos portos e pelas terras de massapê - próprias para o cultivo da cana de açúcar - em todo o litoral da capitania.
Dois fortes foram construídos pelos portugueses na região: um deles, batizado como Forte da Santa Cruz de Tamandaré, foi erguido durante o período da segunda invasão holandesa, entre 1630 e 1654. Era um forte do tipo trincheira, feito de barro e madeira, e foi destruído pelos invasores.
O outro, batizado como Forte de Tamandaré, é posterior à retirada dos holandeses e foi feito para proteger a costa de novos invasores ou de um eventual retorno dos próprios holandeses. Esse forte permanece até hoje, agora sob o comando da Marinha do Brasil e rebatizado como Forte Santo Inácio de Loyola, segundo os historiadores em decorrência da devoção dos tamandareenses a Santo Inácio. Nele ainda podem ser vistos canhões originais voltados para a baía de Tamandaré, a fonte no meio do pátio, um farol construído posteriormente e a Capela de Santo Inácio - a mais antiga do município, construída no século 18 - onde são rezadas missas semanais.
Embora tenha sido batizada muito antes da chegada dos portugueses, Tamandaré passou por muitos estágios até tornar-se uma cidade independente, no final do século 20. Antes do ano 1.000, era habitada por índios de idioma macro-jê que foram expulsos pelos Caetés, vindos da Amazônia. No início da colonização, tornou-se uma grande propriedade rural que adotou o nome indígena do lugar e, pouco a pouco, uma vila de pescadores foi se formando à beira-mar. Em 1905, a povoação foi elevada a distrito de Rio Formoso e somente em 1995 é que tornou-se um município.
Com sua antiga sede, Tamandaré compartilha a história de luta entre portugueses e holandeses. Quem passeia de barco pelo estuário que banha os dois municípios, avista uma grande cruz no alto de um morro localizado em Rio Formoso. É o monumento à Batalha do Reduto - episódio em que os holandeses destruíram um forte de campanha e mataram um batalhão inteiro, deixando escapar apenas o comandante, que é homenageado, anualmente, no dia 7 de fevereiro.
Os dois podem dividir, também, a atenção dos visitantes que se interessam por igrejas. Em Tamandaré, além da Capela de Santo Inácio, localizada dentro do forte, destaca-se ainda a Capela de São Benedito, em sua famosa Praia dos Carneiros, que virou cartão postal do município. Já em Rio Formoso, o foco está distribuído entre três igrejas: a de São José, que fo construída no século 17, dentro de uma propriedade rural, e tornou-se a igreja matriz da cidade; a de São Benedito, destinada aos escravos; e uma terceira dedicada a Nossa Senhora do Livramento - um dos títulos dado à mãe de Jesus em alusão à sua capacidade de interceder pelos pecadores.
Rio Formoso abriga, ainda, a Comunidade Quilombola do Engenho Siqueira - reconhecida pela Fundação Palmares - que reúne 150 famílias remanescentes de escravos vindos de mais de 20 engenhos da região depois da decretação da Lei Áurea. Entre as particularidades da comunidade está um museu, ainda em formação, que reúne ferramentas de trabalho, utensílios domésticos e outras peças utilitárias dos quilombolas, em um quartinho que fica grudado à casa de seu organizador - o funcionário público e artesão Moacir Correa de Santana.
Dois fortes foram construídos pelos portugueses na região: um deles, batizado como Forte da Santa Cruz de Tamandaré, foi erguido durante o período da segunda invasão holandesa, entre 1630 e 1654. Era um forte do tipo trincheira, feito de barro e madeira, e foi destruído pelos invasores.
O outro, batizado como Forte de Tamandaré, é posterior à retirada dos holandeses e foi feito para proteger a costa de novos invasores ou de um eventual retorno dos próprios holandeses. Esse forte permanece até hoje, agora sob o comando da Marinha do Brasil e rebatizado como Forte Santo Inácio de Loyola, segundo os historiadores em decorrência da devoção dos tamandareenses a Santo Inácio. Nele ainda podem ser vistos canhões originais voltados para a baía de Tamandaré, a fonte no meio do pátio, um farol construído posteriormente e a Capela de Santo Inácio - a mais antiga do município, construída no século 18 - onde são rezadas missas semanais.
A saga de Tamandaré
Embora tenha sido batizada muito antes da chegada dos portugueses, Tamandaré passou por muitos estágios até tornar-se uma cidade independente, no final do século 20. Antes do ano 1.000, era habitada por índios de idioma macro-jê que foram expulsos pelos Caetés, vindos da Amazônia. No início da colonização, tornou-se uma grande propriedade rural que adotou o nome indígena do lugar e, pouco a pouco, uma vila de pescadores foi se formando à beira-mar. Em 1905, a povoação foi elevada a distrito de Rio Formoso e somente em 1995 é que tornou-se um município.

Os dois podem dividir, também, a atenção dos visitantes que se interessam por igrejas. Em Tamandaré, além da Capela de Santo Inácio, localizada dentro do forte, destaca-se ainda a Capela de São Benedito, em sua famosa Praia dos Carneiros, que virou cartão postal do município. Já em Rio Formoso, o foco está distribuído entre três igrejas: a de São José, que fo construída no século 17, dentro de uma propriedade rural, e tornou-se a igreja matriz da cidade; a de São Benedito, destinada aos escravos; e uma terceira dedicada a Nossa Senhora do Livramento - um dos títulos dado à mãe de Jesus em alusão à sua capacidade de interceder pelos pecadores.
Rio Formoso abriga, ainda, a Comunidade Quilombola do Engenho Siqueira - reconhecida pela Fundação Palmares - que reúne 150 famílias remanescentes de escravos vindos de mais de 20 engenhos da região depois da decretação da Lei Áurea. Entre as particularidades da comunidade está um museu, ainda em formação, que reúne ferramentas de trabalho, utensílios domésticos e outras peças utilitárias dos quilombolas, em um quartinho que fica grudado à casa de seu organizador - o funcionário público e artesão Moacir Correa de Santana.
A Tamandaré das águas
Talvez por afinidade com o mito do dilúvio, que deu nome ao lugar, Tamandaré tem uma história marcada pelas águas. Era pelo mar que, no século 16, chegavam os invasores. Foi através do mar que se propagou até ali a turbulência provocada pelo terremoto de Lisboa, em 1755, matando dois moradores. E é por causa de suas águas calmas e transparentes que a pequena cidade tem sua população triplicada no verão por turistas que procuram a paradisíaca Praia dos Carneiros e outras menos conhecidas, ao longo dos 16 km de orla..
* A lenda do dilúvio, com pequenas variações, é conhecida por várias povos inclusive outras tribos indígenas do Brasil.
**No Dicionário de Tupi-Guarani da Funai não consta esse vocábulo nem qualquer de suas variações.
Tamandaré - Pernambuco - Brasil - América do Sul
Texto: Sylvia Leite
(1,2,4,5,6,7, 8 e 9) Sylvia Leite
(3) Acervo do Forte Santo Inácio de Loyola
Referências:
Livro:
Tamandaré, A história de um município, de Maria do Carmo Ferrão Santos
Consultoria:
Maria do Carmo Ferrão Santos, Bióloga e estudiosa da história de Tamandaré.
Manoel Pedrosa, secretário de Meio Ambiente de Tamandaré.
Vídeos:
A origem da ocupação de Tamandaré
Tamandaré, a Capital do Império
A emancipação politico-administrativa de Tamandaré
Todos os vídeos são do canal Historiando Tamandaré, de Maria do Carmo Ferrão Santos.
Apoio:
Busy e João Luís
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(1,2,4,5,6,7, 8 e 9) Sylvia Leite
(3) Acervo do Forte Santo Inácio de Loyola
Referências:
Livro:
Tamandaré, A história de um município, de Maria do Carmo Ferrão Santos
Consultoria:
Maria do Carmo Ferrão Santos, Bióloga e estudiosa da história de Tamandaré.
Manoel Pedrosa, secretário de Meio Ambiente de Tamandaré.
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Tamandaré, a Capital do Império
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Busy e João Luís
Livro:
Tamandaré, A história de um município, de Maria do Carmo Ferrão Santos
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Maria do Carmo Ferrão Santos, Bióloga e estudiosa da história de Tamandaré.
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Mussuca
Sylvinha, muito legal, conhecer essa história! Adorei!
ResponderExcluirUm beijo grande,
sonia pedrosa
Valeu, Soninha! beijos
ExcluirMaravilha essa ligação em Tupy com o famoso Noé! Esse nosso litoral é muito diverso! Aqui em Sergipe tivemos holandêses, espanhóis, portugueses, franceses que lutaram contra portugueses e espanhóis com ajuda dos índios e irlandeses, que deixaram uma herança que eles haviam perdido e resgataram aqui! A renda Irlandesa! ✨👏👏👏✨
ResponderExcluirÉ interessante mesmo. Obrigada pelo comentário. Valeu!
ExcluirQue delícia de matéria, Sylvinha!
ResponderExcluirDa próxima vez que viajar à Pernambuco irei conhecer Tamandaré.
Abraços
Val Cantanhede
Obrigada, Val. bjs
ExcluirLugar lindo, mas não sabia destas histórias e lendas.
ResponderExcluirLindo mesmo. Obrigada pelo comentário. Da próxima vez, não se esqueça de deixar seu nome, ok? É bom saber com quem estamos falando.
ResponderExcluirConheço Tamandaré, sou de Pernambuco e duas vezes ao ano visito a cidade! Quem vier visitar ficará maravilhado, venham pois! Vc falou tudo, foi muito feliz nas declarações. Um abração!
ResponderExcluirObrigada pelo comentário. Da próxima vez não se esqueça de deixar seu nome. Abraço!
ExcluirJá fui a Tamandaré a passeio e nunca soube da história da cidade. obrigada por ter compartilhado de um modo tão didático e interessante. :)
ResponderExcluirEu que agradeço pela leitura e pelo comentário. Volte sempre.
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