

Logo na entrada da galeria, acima dos elevadores, um painel de sua autoria, feito em azulejo, exibe mulheres de quatro etnias. E a referência à diversidade não para por aí: ao subir alguns andares, e olhar através das aberturas que permitem a visualização de pavimentos inferiores, você se dá conta de que os pisos são cuidadosamente desenhados, cada um com seu próprio padrão geométrico.
Premonitório ou não, o fato é que o painel e os pisos de Buffone parecem combinar mais com a realidade atual da galeria do que com sua configuração inicial, quando apesar de ter alguma diversidade no tipo de comércio, atendia um público de elite bastante uniforme.
Hoje, a variedade de artigos é infinitamente maior: de cds a camisetas de bandas, de sakates a tatuagens e piercings, de tênis a salões de beleza especializados em tribos específicas. Isso, sem falar nas lojas de material para grafiteiros e nas oficinas de serigrafia - os chamados camiseteiros - que estão lá desde a inauguração do prédio. Além da variedade de artigos, a Galeria do Rock diversificou também no público, a fim de adaptar-se aos novos tempos. Apesar do nome, o prédio não abriga apenas os roqueiros mas também as tribos de cultura Black, Hip Hop, Hardcore, Jazz, Blues e MPB.
Uma história de altos e baixos

Depois desse período, os lojistas enfrentaram dificuldades. As tribos que frequentavam as lojas de discos começaram a entrar em conflito e, por um período, ficou proibida a abertura de novas lojas de Rock and Rool porque o síndico e uma parte dos condôminos achavam que elas contribuíram para a degradação do prédio.
A proibição não preservou a galeria. No início da década de 1990, apenas 50 lojas estavam ocupadas, eram comuns as brigas de grupos e havia vários pontos de venda de drogas. O prédio estava se deteriorando e existia até uma ordem de interdição da Prefeitura, mas a eleição de um novo síndico trouxe esperança aos lojistas. Antônio de Souza Neto, mais conhecido como Toninho da Galeria, largou a administração da loja de fotografia que mantinha há anos para dedicar-se à recuperação do prédio e permanece até hoje na função.

Apaixonado pela galeria, e comprometido com seu resgate, Toninho foi além das reformas elétrica e hidráulica e do cumprimento de exigências feitas pela Prefeitura e pelo Corpo de Bombeiros. Para começar, suspendeu a proibição de lojas de Rock and Roll e incentivou todo tipo de manifestação underground a fim de legitimar a efervescência cultural que já acontecia, de alguma maneira, em seus corredores.
O propósito do novo síndico era dar uma conotação cultural à galeria, que até aquele momento tinha existido apenas como espaço comercial. A concretização da ideia ocorreu oito anos depois da sua posse, com a criação do Instituto Cultural Galeria do Rock, criado com o intuito de promover atividades culturais e sócio-culturais como espetáculos, cursos, ações de combate à pobreza e ações de interatividade entre públicos. Foi criada também a Rádio galeria do Rock, com uma programação que combina música com notícias do Instituto Cultural e pode ser acessada a partir do site da galeria.
Outro marco dessa nova fase foi a inauguração, na cobertura do prédio, do Jardim do Rock - uma horta**que serve como laboratório para cursos de agricultura orgânica e administração de hortas. Ainda dentro dos planos do instituto, está a criação de um Museu do Rock. Embora o projeto pareça estar parado no momento, a julgar pelas conquistas obtidas até agora, não se pode duvidar de que isso um dia também sairá do papel.
Se, hoje, a galeria é frequentada por anônimos dos mais diversos gostos e filiações, no passado suas paredes foram erguidas e decoradas por pessoas e empresas famosas, que tinham estilos semelhantes e contrbuíram também para a construção ou decoração de outros prédios de São Paulo.A proibição não preservou a galeria. No início da década de 1990, apenas 50 lojas estavam ocupadas, eram comuns as brigas de grupos e havia vários pontos de venda de drogas. O prédio estava se deteriorando e existia até uma ordem de interdição da Prefeitura, mas a eleição de um novo síndico trouxe esperança aos lojistas. Antônio de Souza Neto, mais conhecido como Toninho da Galeria, largou a administração da loja de fotografia que mantinha há anos para dedicar-se à recuperação do prédio e permanece até hoje na função.

De centro comercial a instituto de cultura

O propósito do novo síndico era dar uma conotação cultural à galeria, que até aquele momento tinha existido apenas como espaço comercial. A concretização da ideia ocorreu oito anos depois da sua posse, com a criação do Instituto Cultural Galeria do Rock, criado com o intuito de promover atividades culturais e sócio-culturais como espetáculos, cursos, ações de combate à pobreza e ações de interatividade entre públicos. Foi criada também a Rádio galeria do Rock, com uma programação que combina música com notícias do Instituto Cultural e pode ser acessada a partir do site da galeria.
Outro marco dessa nova fase foi a inauguração, na cobertura do prédio, do Jardim do Rock - uma horta**que serve como laboratório para cursos de agricultura orgânica e administração de hortas. Ainda dentro dos planos do instituto, está a criação de um Museu do Rock. Embora o projeto pareça estar parado no momento, a julgar pelas conquistas obtidas até agora, não se pode duvidar de que isso um dia também sairá do papel.
Construído e visitado por celebridades
Bramante Buffone, por exemplo, autor dos pisos e do painel da galeria, foi um artista italiano que viveu no Brasil até sua morte, na década de 1980 e, embora seu nome não seja muito lembrado, são dele diversos murais históricos de São Paulo como o do hall e os da fachada do Edifício Nobel, no bairro de Higienópolis, ou os do Edifício Nova Barão, no centro da cidade. Além disso, há obras suas no acervo do Museu de Arte de São Paulo - Masp.

A Galeria do Rock, na época Centro comercial Grandes Galerias, foi projetada pelos arquitetos Maria Bardelli e Ermano Siffredi, responsáveis, também, pela Galeria do Reggae, cujo nome oficial é Galeria Presidente. O engenheiro da obra foi Alfredo Matias, conhecido por assinar obras importantes como o Centro Empresarial de São Paulo, Shopping Iguatemi, e Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo. Igualmente famosos eram os incorporadores Benjamin Citron e Jacob Lerne, que atuaram junto aos arquitetos em várias outros empreendimentos.

Pelo menos 20 mil pessoas passam diariamente por seus corredores, que atravessam o quarteirão, e podem ser acessados por dois endereços: Avenida São João, 439, e Avenida 24 de maio, 62. É verdade que esse volume de visitantes corresponde a menos da metade do registrados nos maiores shoppings do país, mas é superior às populações de quase 70 por cento dos municípios brasileiros***
Além de suas funções comercial e cultural, a Galeria do Rock ganhou também um aspecto turístico. Durante alguns anos, teve uma visita guiada promovida em parceria com uma agência de turismo. Agora integra o Circuito Turístico Paissandú que, além da Galeria do Rock, inclui outros pontos dos arredores como o Centro Cultural Olido e a Igreja de Senhora do
Rosário dos Homens Pretos.
* Oficialmente, o nome permanece até hoje, mas o prédio é conhecido como galeria do Rock e muitos nem sabem o seu nome oficial.
** A horta, está passando por um período de revitalização e seus canteiros, momentaneamente,
não estão tão viçosos quanto mostra a foto, por isso foi usada uma imagem de outro período.
*** Dados do IBGE 2017.
Galeria do Rock - Centro da cidade - São Paulo - São Paulo - Brasil
Texto: Sylvia Leite
Fotos:
(1,2 3,4,,7,8,9 e 10) Sylvia Leite
(5) Print do site da Galeria do Rock
(6) Foto Galeria do Rock
Participação especial:
Carlos Brisolla
Fotos:
(1,2 3,4,,7,8,9 e 10) Sylvia Leite
(5) Print do site da Galeria do Rock
(6) Foto Galeria do Rock
Participação especial:
Carlos Brisolla
(1,2 3,4,,7,8,9 e 10) Sylvia Leite
(5) Print do site da Galeria do Rock
(6) Foto Galeria do Rock
Participação especial:
Carlos Brisolla
Referências:
Site da Galeria
Facebook da Galeria
Agradecimentos:
Daniele Lopes / Recepcionista da Galeria do Rock
Manoel José dos Santos / Auxiliar de Manutenção da Galeria do Rock
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Muito interessante, Sylvinha! Estive com o Afonso uma vez nessa galeria para comprar alguns discos e adereços para um filho roqueiro, quando ele era adolescente metaleiro. Ficamos impressionados com o tamanho da galeria e a diversidade de produtos oferecidos.
ResponderExcluirBjs,
Val Cantanhede
Sem contar que o prédio é lindo, não é?
Excluirbeijo
Muito legal. Um texto repleto de informações, um estudo sobre a a galeria e seu papel na sociedade.
ResponderExcluirBem, extenso...
Isso é sim levando -se em conta que quem acessa Facebook quer leituras rápidas, textos curtos.
Parabéns!
Vale, Fernando, volte sempre. Toda quinta tem matéria nova no blog. Acompanhe!
ExcluirEsse galeria tem é história!!! Adorei, Sylvinha. Estive lá algumas vezes...boas lembranças.
ResponderExcluirBeijos
sonia pedrosa
Valeu, querida, beijos
ExcluirLembro que quando fui conhecer, na época não tinha lugar para se sentar. 😂😂😂😂 muito legal o local.
ResponderExcluirÉ legal, sim. DE vez em quando vou lá rsrs beijo
ExcluirIrei divulgar em rede e citarei no trabalho de faculdade!Gratíssima !
ResponderExcluirObrigada pelo comentário e pela divulgação. Pena que não deixou seu nome. Gostaria de saber. Gostaria, também, de ter acesso à divulgação que fará em rede e ao trabalho da faculdade. É possível?
Excluirlamentávelmente fechada, a pandemia atingiu o maior reduto roqueiro de SAMPA,minhas memórias deste local vem desde a decada de setenta, transcende a sua forma física, ela carrega toda a filosofia de gerações
ResponderExcluirÉ verdade, Luiz. A Galeria do Rock está na memória de muita gente. Tomara que tudo isso passe logo para podermos visitar esses lugares especiais. Abraço!
ExcluirSabia da existência da Galeria, embora não conhecesse sua história, que você agora nos conta Sylvia. Muito bom.
ResponderExcluirQue bom que gostou. Volte sempre. Toda quinta tem matéria nova no blog.
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