
Desde 1987, o edifício está tombado pela Unesco, como Patrimônio Mundial da Humanidade, sob dois argumentos: "é uma obra-prima da arquitetura Almohad' e transformou-se em um "exemplo importante do sicretismo cultural". É que ao contrário da catedral, erguida sobre os escombros da mesquita Almohade - da qual só se aproveitou o Pátio de Los Naranjos - o minarete foi quase integralmente poupado pelos Cristãos. Mudou apenas de função e teve uma pequena parte superior substituída por um campanário para 24 sinos, projetado pelo arquiteto renascentista Hernan Ruiz.
Para subir na torre, é preciso vencer 35 rampas, construídas na época dos Almohades, segundo se conta em Sevilha para que o sultão pudesse chegar ao topo da torre montado a cavalo e de lá admirar do alto toda a cidade, inclusive o Pátio de los Naranjos e o Alcázar (próximas imagens).
Giraldillo: símbolo de La Giralda
Entre o corpo da torre e a abóboda celeste, em uma situação que poderia ser tomada simbolicamente como intermediária entre as instâncias terrena e celeste, a torre ganhou, em 1568, o Giraldillo - um cata-vento de quase três metros e meio de altura, que pesa mais de uma tonelada.
Embora o nome seja masculino - em uma referência ao cata-vento e a sua propriedade giratória - a estátua oca que lhe dá forma é de uma mulher, que alguns identificam com Santa Joana D'Arc. Seu desenho, provavelmente feito por Luis de Vargas, pode ter sido inspirado em outras obras como uma gravura de Pallas Athena, de autoria de Marco Antonio Raimondi, ou na imagem da deusa

Talvez pela beleza, aliada ao fascínio naturalmente exercido pelos cata-ventos, o Giraldillo ganhou fama e acabou dando nome à torre, que havia sido batizada pelo rei Fernando III como 'Triunfo de La Fé Victoriosa', em alusão à retomada de Sevilha pelos Cristãos.

O giraldillo tornou-se um símbolo da torre, da catedral e até da cidade. Virou mascote do Mundial de Atletismo de Sevilha, em 1999, e seu nome batizou os prêmios da Bienal de Flamenco e do Festival de Cinema Europeu de Sevilha; o Giraldillo de ouro.
Para se ter uma ideia da importância desse símbolo para o sevilhanos, basta dizer que, no final da década de 1980, o Instituto Adaluz de Patrimonio Historico (IAPH) mandou fazer uma cópia em bronze de toda a sua estrutura para substitui-la temporariamente enquanto a escultura original era restaurada.
O processo durou cerca de oito anos e, segundo foi informado na época, custou o equivalente a 700 mil euros*. Depois que o Giraldillo original voltou ao seu lugar, a cópia foi colocada em frente a uma das portas da catedral - a chamada Puerta del Príncipe -, para que se possa admirar sua imagem, o que antes só era possível fazer por meio de fotos. Quem visitou Sevilha em 1988, teve a oportunidade de observar cópia e original, lado a lado, antes que a réplica subisse para sua estadia temporária no alto da torre.
Um modelo reproduzido por toda parte

A gigante de Sevilha

Gigante é, também, o próprio Giraldillo, que com seus quase três metros e meio impressionou Miguel de Cervantes ao ponto de ser mencionado como personagem de um relato, no clássico Dom Quixote de La Mancha e, assim, ganhar status literário. Mas para se compreender a citação, é preciso saber que antes de ser batizada como Giraldillo, a imagem de mulher que está em cima da torre da Catedral de Sevilha era conhecida como Giralda. Com o tempo, é que Giralda passou a ser o nome da torre e a estátua tornou-se Giraldillo.
Pois foi nessa época que Cervantes escreveu o livro e, nele, o personagem Cavaleiro do Bosque conta a Dom Quixote a ordem que recebeu da mulher por quem se enamorou: "Certa vez mandou que eu fosse desafiar aquela famosa giganta de Sevilha, chamada Giralda, que é tão valente e forte como feita de bronze, e que, sem sair do lugar, é a mais móvel e volteante mulher do mundo..."
*O euro entrou em circulação na Espanha em 2002, quando o trabalho de restauro ainda tinha três anos pela frente.
La Giralda - Sevilha - Andaluzia - Espanha
Texto: Sylvia Leite
Fotos:
(1) byungjei Lim por Pixabay
(2, 3,4,) Laura Zacarelli
(5) Sylvia Leite
(6) Anual - trabalho próprio CC BY 3.0
Referência:
Site da Unesco
Livros:
Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes
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Interessante e completa abordagem. Adorei. beijos
ResponderExcluirQue bom, Vi. Você conhece bem, pode falar com propriedade rsrsr
ExcluirEsse mundo é, mesmo, muito rico... há muito o que ver, conhecer, descobrir... Texto maravilhoso, Sylvinha!
ResponderExcluirBeijo
sonia pedrosa
Obrigada, Soninha!
ExcluirAdorei voltar a Sevilha e girar com a "sua" Giralda. Obrigada.
ResponderExcluirQue bom! Eu que agradeço. Adoraria saber seu nome. Da próxima vez não esqueça de deixar, ok?
ExcluirAdorei.
ResponderExcluirQue bom. Só faltou dizer seu nome.
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