

A construção de uma catedral dentro da mesquita - o que a torna conhecida também como Mesquita-Catedral - é consequência de um acontecimento conhecido como Reconquista Cristã, que consiste na retomada, pelos católicos, do poder na Península Ibérica, que estava ocupada desde o século 8 pelos muçulmanos.
Mas a história desse monumento não começa com os fatos narrados até aqui. Antes da mesquita ser erguida existia ali uma basílica visigoda devotada a São Vicente, que depois da invasão árabe chegou a ser compartilhada por maometanos e cristãos, e antes dessa igreja havia um templo romano.
A Mesquita de Córdoba na Idade Média
Depois que o califa Abd Ar-Rahman derrubou a Basílica de São Vicente e deu início à construção da mesquita, no século 8, o local passou a ser usado apenas por muçulmanos com finalidade religiosa, social, cultural e política.
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Restos da Basílica visigoda no subsolo da mesquita |
A mistura de estilos e materiais
Como se não bastasse a mescla de elementos herdados dos antecessores, os árabes acrescentaram ali traços de sua própria cultura como uma elaborada arte geométrica presente especialmente em combogós e nos mosaicos que ornamentam as fachadas, na decoração das portas e janelas.

Uma fusão considerada única no mundo
A construção de uma catedral dentro de um lugar de culto muçulmano trouxe ainda mais elementos para um edifício já marcado pela mescla, e também muita polêmica pois até entre os cristãos havia quem discordasse da descaracterização da mesquita. Conta-se, inclusive, que ao visitar a obra que ele mesmo havia autorizado, o imperador Carlos V teria feito um mea culpa com a seguinte afirmação: "Se eu soubesse que era isto, não teria permitido porque fazem o que há em muitas partes e desfizeram o que era único no mundo"*.
Há quem argumente, porém, que a implantação da catedral no coração da construção islâmica nos trouxe dois ganhos: o primeiro teria sido a preservação da mesquita, pois com a expulsão dos muçulmanos o prédio ficou sem utilidade e a tendência é que não fosse preservado. A segunda seria a

sua transformação em um símbolo da fusão das duas culturas - fusão essa que caracteriza uma terceira cultura: a de Al-Andalus.
Além da mescla em si, o enriquecimento se deveria, segundo seus defensores, ao acréscimo de elementos arquitetônicos de pelo menos mais três estilos: gótico, renascentista e barroco, e de obras de arte como as cadeiras do coro, esculpidas por Pedro Duque Cornejo; ou a Santa Ceia, pintada pelo renascentista Pablo de Céspedes, entre dezenas de outras.

sua transformação em um símbolo da fusão das duas culturas - fusão essa que caracteriza uma terceira cultura: a de Al-Andalus.
Além da mescla em si, o enriquecimento se deveria, segundo seus defensores, ao acréscimo de elementos arquitetônicos de pelo menos mais três estilos: gótico, renascentista e barroco, e de obras de arte como as cadeiras do coro, esculpidas por Pedro Duque Cornejo; ou a Santa Ceia, pintada pelo renascentista Pablo de Céspedes, entre dezenas de outras.
A Mesquita-catedral hoje
Se na Idade média, a Mesquita de Córdoba foi o principal local sagrado dos muçulmanos no Ocidente, hoje a Mesquita-Catedral é um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha por pessoas de todos os credos e até ateus.
Levantamento feito pela Universidad Loyola Andalucía indica que a mesquita-catedral é um dos patrimônios mais procurados em toda a Espanha e atrai quase a metade das visitas feitas a monumentos na província de Córdoba. Para se ter ideia do que isso significa, em 2017 a mesquita-catedral recebeu 1,9 milhões de visitantes.
É preciso lembrar ainda que, em Córdoba, quase tudo é Patrimônio Mundial da Humanidade declarado pela Unesco: a própria mesquita, o centro histórico, o Festival dos Pátios e o sitio arqueológico Medina Azahara.
Levantamento feito pela Universidad Loyola Andalucía indica que a mesquita-catedral é um dos patrimônios mais procurados em toda a Espanha e atrai quase a metade das visitas feitas a monumentos na província de Córdoba. Para se ter ideia do que isso significa, em 2017 a mesquita-catedral recebeu 1,9 milhões de visitantes.
É preciso lembrar ainda que, em Córdoba, quase tudo é Patrimônio Mundial da Humanidade declarado pela Unesco: a própria mesquita, o centro histórico, o Festival dos Pátios e o sitio arqueológico Medina Azahara.
* Tradução livre do Espanhol: "Si yo hubiera sabido lo que era esto, no hubiera permitido que llegase a lo antiguo: porque hacéis lo que hay en muchas partes, y habeis desecho lo que era único en el mundo"
Mesquita de Córdoba - Córdoba - Andaluzia - Espanha
Texto: Sylvia Leite
Jornalista - MTB: 335 DRT-SE / Linkedin / Lattes
Fotos (1,3 e 4) : Waldo Miguez /Pixabay
Fotos (2, 4, 6, 7 e 8) Site oficial da mesquita
Referências:
Site oficial da mesquita
-------------------------------------------Fotos (1,3 e 4) : Waldo Miguez /Pixabay
Fotos (2, 4, 6, 7 e 8) Site oficial da mesquita
Referências:
Site oficial da mesquita
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Que maravilha, Sylvinha! Se um dia retornar à Espanha, com certeza irei conhecer essa catedral mesquita.
ResponderExcluirAbraços
Val Cantanhede
Vale a pena! abraço
ResponderExcluirSem palavras para falar desse trabalho, Sylvinha é um ser especial.
ResponderExcluirLeandro, sem palavras fico eu com essas coisas que você fala rsrs. Obrigada! beijo
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