

Para dar vida às paredes e colunas, pois não gostava de olhar para o cimento cinza, Estevão foi incrustando pedras e todo tipo de objeto: pratos, canecos, máscaras. Aos poucos, esse universo foi se ampliando e vieram as imagens de santos, máquinas fotográficas, relógios, chaves e outros utensílios de metal.
Apesar de algumas peças estarem cortadas, ou quebradas, ele garante que tudo foi comprado em bazares e brechós, ou recebido de amigos. Nada é sucata. O resultado dessa equação é um castelinho encantado que lembra muito o Park Güell.
Antes da Casa de Pedra
O autor da Casa de Pedra nasceu no sertão da Bahia e seu nome é o mesmo do santo que nomeia a cidade: Santo Estevão. Estudou um pouco, mas não ultrapassou o primeiro grau. Logo que se mudou para São Paulo, no final da década de 1970, trabalhou como servente de pedreiro, vigia e montador e viveu em alojamentos. Depois passou a ser porteiro e jardineiro. Foi nessa época que chegou a Paraisópolis.
Em pouco tempo, o jardineiro tornou-se conhecido como artista plástico e, em 2002, foi levado a Barcelona, com ajuda da Fundação Gaudí, para participar das comemorações pelos 150 anos do artista catalão. Ele conheceu a obra do seu antecessor, reconheceu a semelhança com a sua, e acabou ganhando o apelido de "Gaudí brasileiro".
Estevão também virou tema do documentário "Gaudí en la favela", de Sergio Oksman,
diretor brasileiro que vive na Espanha há mais de 20 anos e teve sua obra apresentada no livro "Contando a arte de Estevão", do crítico Oscar D'Ambrosio, editado pela Sowilo Editora.
Ao voltar para o Brasil, transformou sua residência em museu e passou a cobrar entrada de quem quisesse conhecer o jardim suspenso. No começo, tudo era muito informal e nem sempre tinha gente
em casa para receber os visitantes. Às vezes ele cobrava, outras vezes não. Hoje as visitas estão institucionalizadas e a Casa de Pedra faz parte do Circuito Paraisópolis das Artes.
Com a divulgação de seu trabalho, Estevão passou a ser procurado por pessoas que queriam ter peças suas e, para responder a essa demanda, ele começou a produzir vasos e outros objetos com o mesmo tipo de incrustação usada na casa.
As peculiaridades da Casa de Pedra
Dois aspectos diferenciam a Casa de Pedra da maioria dos outros museus-casa: a primeira é que a construção em si é que constitui a obra do artista e a segunda é o fato do local continuar sendo sua residência, onde vive com a mulher, Edlene Souza Conceição e os filhos Stefana e Enrique.
Os atrativos não param aí. Embora com contornos mais delicados, os cômodos da casa também são repletos de pecinhas, tanto nas paredes como no teto. O quarto do casal parece uma tapeçaria, formada por frisos e estrelas.
Quem consegue escalar os patamares do jardim, tem a sensação de estar subindo em uma rede de árvores. Ao chegar lá em cima, a cerca de 8m do chão, encontra as plantas que caracterizam o jardim suspenso. De quebra, pode observar a vista da favela e do vizinho Morumbi.
Quem consegue escalar os patamares do jardim, tem a sensação de estar subindo em uma rede de árvores. Ao chegar lá em cima, a cerca de 8m do chão, encontra as plantas que caracterizam o jardim suspenso. De quebra, pode observar a vista da favela e do vizinho Morumbi.
Casa de pedra /Paraisópolis/ Morumbi/ São Paulo/ Brasil
Texto: Sylvia Leite
Jornalista - MTB: 335 DRT-SE / Linkedin / Lattes
Foto 6 (quarto do casal): Divulgação
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Tilonia
Adorei. Que criatividade. Tão perto de nós e eu não conhecia... Obrigada.
ResponderExcluirLegal, não é, Vi? Podemos ir lá qualquer hora. bj
ExcluirSuper legal! O cara é arquiteto, engenheiro e decorador! Marina
ResponderExcluirIsso mesmo, Marina.Uma figura!
ExcluirExcelente a matéria Sylvia. Adotei conhecer a casa de Pedra.
ResponderExcluirLegal é ir lá. Experimente!
ExcluirQue coisa extraordinária!!!! Que orgulho desse conterrâneo genial!!!! Nossa, fiquei acabeunhafa de conhecer Gaudí e não conhecer esse incrível artista brasileiro, baiano,pau de arara!
ResponderExcluirrsrs Pois então vá a Paraisópolis.
ExcluirEspetacular!
ResponderExcluirConcordo!
ExcluirAnimada a conhecer o local. Fantástico. Gratidão por compartilhar a informação.
ResponderExcluirEu que agradeço pela leitura e pelo comentário!
ExcluirQuanta beleza e criatividade do Estêvão! Lembrei-me das obras do sergipano Artur Bispo do Rosário.
ResponderExcluirParabéns pela matéria, Sylvinha!
Abraços,
Val Cantanhede
Obrigada, Val. O Bispo do Rosário está na lista.
ExcluirQue barato. Fiquei curioso. Mas acho que faz parte do teu objetivo mesmo.
ResponderExcluirBrigado. Sempre fácil et gostoso de ler.
Boas festas.
Mil beijos.
Joaquim
Não pensei nisso como objetivo, mas realmente é legal quando a matéria aguça a curiosidade das pessoas. Beijos
ExcluirA casa de Pedra é a expressão do mistério da ilimitada capacidade artística e de superação do ser humano. Gostaria muito de visitá-la quando fosse a Sao Paulo.
ResponderExcluirAugusta Leite Campos
É só marcar, Gusta. Vai ser bom ótimo voltar lá com você.
ExcluirMuito legal. Assisti algo sobre o tema mas, foi muito rápido. O texto nos dá uma visão mais ampla.
ResponderExcluirQue bom que gostou. Quando for a São Paulo podemos ir até lá.
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